3 de abril de 2020

Epitáfio

Em uma noite qualquer eu estava escutando uma playlist do spotify e a maioria das músicas eram mais tranquilas e antigas, estava meio nostálgica quando de repente tocou uma música que tocou minha alma e me fez refletir sobre o momento em que estamos vivendo - a quarentena por causa do corona vírus-. 2019 foi o pior ano da minha vida - não posso negar que foi um ano de muito amadurecimento, mas ainda sim foi muito difícil - duvidei por diversas vezes que seria capaz de passar por ele, fazia brincadeiras sobre cancelar 2019 e pular logo para 2020, mas convenhamos que subestimamos 2020, colocamos tanta fé nele - colocamos no plural porque foi o ano do mercúrio retrógrado, logo foi tenso para todos -, que as coisas melhorariam, mas ele está sendo um tanto quando surpreendente. Janeiro durou três meses, fevereiro seis dias e março só teve domingos, porque entramos em isolamento, o que esperar de abril? Brincadeiras e observações a parte, é que as vezes vivemos tanto no passado ou almejando tanto o futuro que não aproveitamos o presente da forma como deveria ser aproveitado. Afinal se chama presente por uma razão. Cada dia é uma dádiva. Devemos viver intensamente cada dia como se fosse o último e ao mesmo tempo com a prudência de quem vai viver mais cem anos.
E tá aí uma coisa da qual eu não me arrependo - de viver. Posso me arrepender de algumas coisas que eu fiz, mas não me arrependo de não ter feito algo. Acho que isso é uma qualidade minha.  Não quer dizer que sou imprudente, na verdade eu sou muito racional. Até tenho o meu lado impulsivo, mas é um impulsivo racional. Eu pondero os prós e contras de todas as situações da minha vida, e mesmo quando eu faço m*rd* é porque escolhi fazer. As vezes eu subestimo a minha inteligência, porque um dos papéis que eu melhor sei fazer é o de sonsa. A verdade é que eu gosto de estar no controle, se não da situação, mas de mim. E convenhamos eu sei manipular muito bem as coisas ao meu redor. Mas o fato é que é muito difícil para mim perder o controle, e isso me desestabiliza completamente.
O que eu quero dizer é que não me arrependo de nada do meu passado, mas em alguns momentos em que paro para refletir, e me bate a saudade, eu penso que poderia ter aproveitado mais, me jogado mais, vivido mais. Mas eu sei que não seria possível, eu sempre fui muito verdadeira e intensa comigo mesma. Talvez hoje eu fizesse mais coisas e não fizesse outras, mas me colocando no meu eu daquela época eu viveria exatamente da mesma forma.
Deixo aqui a sugestão para você e para o meu eu do presente. Se arrisque, viva novas experiências, não deixe que o medo te paralise. Minhas melhores lembranças são dos momentos em que eu mais me permiti. Viajar quilômetros sozinha com pouca experiência de direção; fechar um pacote para fazer um cruzeiro sem nem pensar no pavor de mar, só observando que estaria de férias e poderia pagar o valor; fazer um bate e volta no Beto Carrero; fazer um bate e volta no litoral; correr 21km em uma prova insana; passar a virada do ano na praia, tomando banho na ducha da praia e dormindo dentro do carro; viajar entre as folgas para o nordeste de stand-by (quase não embarquei por avião cheio, obrigada aos pilotos dos três trechos por me permitirem voar no jump); as minhas mudanças de cidade; entre outras muitas outras loucuras que já fiz e as que já quero fazer - algumas já estão sendo planejadas.
A vida é muito curta para deixar para amanhã o que você pode viver hoje, cada segundo que passa não pode ser recuperado. O que você está fazendo com sua vida? Está deixando ela passar diante dos seus olhos ou sendo protagonista dela?

"Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração

(...)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenoos
Ter morrido de amor

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier

(...)"

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