15 de maio de 2020

Lightweight

Passei a minha vida inteira criando um escudo pessoal, uma barreira que me distanciava das pessoas a minha volta. Por ter uma personalidade forte, independente, me mostrava como a impenetrável. Nada parecia me atingir. E por isso muitas pessoas me consideravam forte e confiante. Mas eu sabia no meu intimo, no silêncio do meu quarto, que eu não estava sendo sincera com o mundo e principalmente comigo. Eu era mais do que demonstrava para o mundo.
Por diversas vezes, durante a minha adolescência, mergulhava em filmes, séries e livros com histórias de amor e meu maior desejo era sentir aquilo. Me apaixonei por diversos personagens fictícios, mas sempre me questionando como seria viver aquilo na vida real, seria possível amar daquela forma? 
Acho que o que realmente me encanta é uma boa dose de amor com um pouco de loucura. Um vampiro com uma humana (Twilight), um fantasma com uma humana (Primeira temporada de American Horror Story), um príncipe com uma plebeia (A Seleção), um famoso/popular com uma menina invisível (Camp Rock e High School Musical), uma fera com uma bela, e como descrever o romance do Quatro e da Tris em Divergente? Sem contar das outras histórias que apenas me prenderam enquanto eu lia ou assistia. A verdade é que direcionava toda a minha intensidade em outras histórias que não a da minha vida.
Desejava, ao sair de casa, tatuar em meu corpo a frase Breaking Free, mas depois de alguns meses  livre não me parecia mais coerente, minha liberdade já estava selada. Então preferi tatuar o nome da música da Demi Lovato - Lightweight - com uma pena e andorinhas. Poucas pessoas entendem o profundo significado que ela tem para mim. A letra dessa música revela ao mundo o quão vulnerável eu sempre fui. O quanto tudo sempre me atingiu de forma silenciosa, enquanto eu permanecia firme.
Contudo tudo mudou quando eu vivenciei um amor doentio, intenso, que me despiu de toda armadura,  de todo orgulho e arrogância que existiam em mim. Mas que também me humilhou e me destruiu. Nesse momento em que permiti, mesmo que sem querer, que todos ao meu redor soubessem que eu possuía sentimentos, que me mostrei vulnerável e frágil, me senti completamente exposta, como se estivesse nua em meio a uma multidão. 
Eu tenho consciência de que amadureci muito em 2019. Mas digo com toda propriedade que nunca me senti tão fraca e patética em toda a minha existência. Mesmo ouvindo das pessoas mais próximas a mim que eu sou mais forte do que elas seriam capazes de ser. Tenho orgulho da mulher que sou hoje, mas ainda estou longe de ser a mulher que quero ser. Tenho muito orgulho da postura de mulher poderosa que possuía e tenho procurado encontrar uma forma de retornar a ela. Sinto falta da minha versão forte, confiante, invencível e segura de si. Como aceitar que eu não sou mais tão invencível quanto sempre fui e caminhar rumo a antiga eu?

"Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh take me to the start."
(Coldplay - The Scientist)

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