10 de julho de 2020

Relacionamento abusivo

 Eis aqui um desabafo ... Em 2018 eu vivi um relacionamento abusivo e só descobri isso em junho de 2020, através da repercussão da Mayra Cardi.

Na época eu estava completamente apaixonada e feliz, apesar de algumas atitudes que não concordava, acreditava que eram apenas situações pontuais. Mas a verdade é que eu estava vivendo um relacionamento abusivo.

Eu sempre fui super tranquila com meus relacionamentos amorosos. Sempre pensei que se a pessoa está comigo é porque quer estar e o mesmo em relação a mim, logo, não havia espaço para ciúmes doentil, às vezes aconteciam situações de ciúmes, mas sem querer controlar o outro, pois havia confiança, era só aquele charminho, de fazer beicinho e ficar dengosa e “brava”.

Mas nesse relacionamento começou a surgir muito ciúmes da parte dele, de começar a pedir para eu excluir pessoas das minhas redes sociais, de me proibir de conversar com outras pessoas, ou eram elas ou ele. Por sempre ser muito segura de mim, sempre tive confiança nos meus parceiros, mas com essas atitudes eu comecei a desconfiar dele, pois eu não era capaz de traí-lo, mas se ele estava me cobrando tais coisas, era porque ele era capaz de algo. E devido a minha personalidade forte eu não ficava quieta e de cabeça baixa, eu batia de frente e cobrava as mesmas atitudes dele, que por sua vez me chamava de louca e desequilibrada.

Após alguns meses juntos, ele começou a ter crises quando começávamos a brigar. Ele dizia que iria sair sem rumo e ninguém nunca mais o veria. Ameaçava pular da janela e eu sempre o segurava, escondia as chaves e era uma novela. Não vou dizer que sou uma completa inocente. Como disse eu tenho personalidade forte e não me calava nas brigas. Eu batia de frente, ofendia e por vezes nessas contenções eu o segurava com força e acabava por arranhá-lo ou até mesmo dar uns tapas nos braços e peito.

Chegou um determinado momento em que eu batia de frente com ele em casa, mas no trabalho eu evitava falar com as pessoas para não gerar discussões. Se eu falava com homem eu estava sendo dada, eu não me dava o respeito e não o respeitava como homem. Se eu falava com alguma amiga ele dizia que eu não tinha que ficar falando tudo da minha vida para elas.

Desde 2014, na época do Snapchat, eu postava tudo, reclamações, meu dia, tudo o que achava legal. Mas quando ele entrou na minha vida, somente postava coisas supérfulas, porque ele se ofendia com a minha exposição, ninguém precisava saber tanto da minha vida. Teve até uma situação em que fui fazer pão caseiro, em um dia que estava de folga, e acabou dando um pouco errado, estava me divertindo com a situação toda e postei nos Stories do Instagram, quando fui buscar ele no trabalho, ele disse que tinha visto e achado ridículo aquilo e riu na minha cara, me humilhando. Tiveram algumas situações que ele questionava a roupa que eu estava usando e quando alguém olhava para mim com maldade ele colocava a culpa em mim, onde já se viu eu não ter percebido e brigado com o cara.

Apesar dessas situações, que eram pontuais, na maior parte do tempo ele me tratava com muito carinho. Não me deixava lavar a louça, porque não queria que eu estragasse a unha, fazia massagens com frequência em mim, quando eu estava de folga e ele chegava do trabalho sempre trazia um agradinho para mim …

Chegou um momento que ele descobriu que a minha fraqueza era ele, então ele começou a ir embora. A primeira vez fui atrás, a segunda fui parar no hospital por tentativa de suicídio, a terceira vez deixei ele ir, mas viajei para casa do meu pai e passei alguns dias mandando mensagem implorando para voltar, mas ele sempre me respondia dizendo que eu era a culpada e precisava mudar, após uns 15 dias nisso eu falei para ele que o deixaria seguir a vida dele, mesmo que aquilo me machucasse, não o obrigaria a ficar comigo. A mensagem que recebi em seguida foi que não era o que ele queria, e depois de muito conversar nós voltamos. No início foi tranquilo, mas na virada do ano voltou a ser um inferno. Passamos o mês de janeiro praticamente em guerra. Toda vez que eu agia de forma que ele não gostava ou se eu usasse um tom que ele julgava errado ele ameaçava ir embora e eu caia no choro e implorava para ele ficar. Até que um dia ele simplesmente foi. E mesmo que aquilo me destruísse, eu não o impedi e nem pedi para voltar, deixei que ele fosse, pois sabia que não estava certa a relação, mas nunca achei que fosse um relacionamento abusivo. Achava que era imaturidade e insegurança dele, mas que ele me amava.

Foi um ano de relacionamento em que eu me perdi, eu não sabia mais quem eu era, o que eu gostava de fazer e me vi sem amigos e com o coração completamente destruído. Ele destruiu minha autoestima, minha confiança, meu amor próprio. Hoje um ano e meio depois do fim eu continuo ferrada. Descontei toda a minha frustração em comida, engordei 20kg, não consigo me amar, perdi minha determinação e amor pela vida. A maior parte do tempo só sobrevivo.

Em março ele casou e abril relevou que seria pai de uma menina. Desde então eu estou me curando lenta e dolorosamente. Todos os dias eu me culpo por ter dado errado. Tenho aproveitado minha companhia, me bastado nessa quarentena, voltei a compartilhar tudo nas redes sociais, estou lendo muito e zerando a netflix, mas estou longe de me amar e longe de estar feliz. Ainda dói muito, ainda tenho um buraco no peito. Sei que algum dia amarei alguém novamente, mas faz mais de um ano que eu afasto qualquer tentativa de aproximação de possíveis relacionamentos e grandes amizades.

Hoje 10/07/20, estava revendo uns stories antigos e vendo naquela época, era claro meu pedido de ajuda. O quanto eu estava me fazendo de forte, mas minha fisionomia estava cansada, de quem estava sofrendo, exausta. Mas ninguém me estendeu a mão. Eu me afundei muito e ainda estou lutando para conseguir subir os degraus rumo ao amor próprio e a felicidade.

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