18 de dezembro de 2020

Safety and trust

Sempre fui criticada por ser uma pessoa fria e fechada. Sim eu sou tagarela, mas de coisas supérfluas, não falo de coisas da alma. Muitos me diziam que eu era coração de gelo. Não me entenda mal, eu sempre fui muito intensa, mas em questão de expressar sentimentos eu optava por me fechar. Assim era mais fácil me proteger do mal do mundo. Mas ao mesmo tempo eu tinha noção que essa atitude me impedia de ter grandes relacionamentos. Foram anos de terapia até eu me permitir ser vulnerável ao outro, contudo me entreguei para a pessoa errada. Ao mesmo tempo que eu me sentia segura, era mimada e cuidada ao extremo, eu fui isolada do restante da minha vida. Qualquer vida que eu possuía além das paredes da minha casa deixou de existir. Eu estava aprisionada e cega. Sem perceber ele me fez acreditar que não era boa o bastante, enquanto isso ele apagava quem eu era e me controlava.

Foram dois anos para eu me curar e me encontrar. Meu lema era : "Se eu não sei quem eu sou, eu posso ser quem eu quiser.", mas não estou satisfeita com quem eu me tornei. Ainda me culpo muito pelo que me permiti viver - um relacionamento abusivo.

Por mais que eu pareça super aberta, confiante e calorosa, eu não confio em mais ninguém, eu só possuo relações superficiais. Leva muito tempo para eu confiar em alguém, basicamente vou dando pequenos pedaços, para testar as pessoas, mas nunca me doou por inteira. Eu não consigo ser aberta com meus sentimentos, simplesmente porque eu tenho medo, mas não quero deixar que o medo me domine, então eu me abro e constantemente não sou bem recebida ou interpretada. Existem muitos sonhos e expectativas dentro de mim, baseado em tudo o que já vivi, o que eu desejo e o que não espero viver nunca mais.

Eu tenho medo de me entregar para ter um porto seguro, mesmo que eu almeje desesperadamente alguém que esteja ali por mim independente das circunstâncias. Eu dou o melhor de mim e isso não parece ser o suficiente. Mas a verdade é que eu não acredito em mais ninguém, porque o que leva meses para ser construído, é destruído em segundos, todas as vezes.

Ao pequeno sinal de que algo está sendo escondido de mim, ao pequeno sentimento de falta de confiança, me faz recuar completamente. Por que eu devo confiar em quem não confia em mim? Por que eu devo me doar a quem não se doa pra mim? Será que sou a culpada? Provavelmente sim. Se eu não criar tantas expectativas, se eu não for tão carente, se eu conseguir calar todos os meus sentimentos a tendência é que melhore, não? 

Hoje eu sou o que restou da dor. E uma parte de mim até gosta dela, porque a dor é parte de quem eu sou. Mas eu estou pronta para superar isso e vou vou encontrar a força necessária para não reconstruir toda a barreira que já existiu dentro do meu coração. 

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