11 de fevereiro de 2019

Adeus Barbies

Eu sempre amei a Barbie. Me lembro que tinha toda a casa dela, o carro, roupinhas para todas as ocasiões e umas cinco bonecas. Também me lembro da última vez que brinquei com ela - eu tinha 15 anos. Minha melhor amiga foi na minha casa, com as bonecas e acessórios dela, e como de costume montamos toda a casa da Barbie, pensamos em um enredo, com nomes, passado, presente e futuro das bonecas. Mas ao final, de provavelmente quase duas horas, quando finalmente fomos brincar, não tinha mais graça. Foi aí que entendi que tinha chegado a adolescência. Eu não era mais uma criança. Eu já tinha beijado alguns poucos garotos - meu primeiro beijo foi aos 13, armado pela minha própria mãe -, mas eu ainda gostava de brincar de diversas coisas com minhas amigas. Gostava de maquiagem, não por vaidade, mas por diversão.
Mas tinha chego a hora em que a infância tinha realmente ficado para trás. Guardamos tudo e - não que eu me lembre exatamente o que fizemos depois - provavelmente fomos assistir um filme. Alguns anos se passaram e tudo ficou guardado, por apego, não por ser útil. Até que um dia minha mãe após muitos discursos dizendo:

- Filha, tem tantas crianças que não tem com o que brincar, você tem tanto brinquedo guardado. Está na hora de dar para alguém que vai aproveitar.

Contrariada, mas cansada de ouvir isso e tendo empatia por crianças que não tinham com o que brincar abri mão das minhas Barbies tão amadas. Lembro que foi uma ruptura e tanto. Chorei, fiquei angustiada por dias. Como eu era capaz de deixar sair da minha vida algo que por tanto tempo foi o motivo da minha felicidade, que eu amava tanto? 

Trazendo para o hoje essa situação. Como alguém consegue em um dia amar tanto o outro, dizer tantas palavras bonitas e no dia seguinte ignorar todo o sentimento, toda a história, todos os planos para um futuro juntos e simplesmente ir embora, como se nada daquilo tivesse realmente valor? Não foi algo gradual, como a transição da infância para adolescência, foi mais como um acidente de carro onde a vida de alguém é tirada sem aviso prévio. Eu não sou um objeto como minhas Barbies eram, eu tenho sentimentos. Sentimentos esses que tem me sufocado. O sentimento de abandono, de não ser amada, de ser insignificante, de não possuir valor ... Hoje menos do que ontem. Mas eu sei que ainda existirão muitos dias ruins.

Provavelmente se minhas Barbies pudessem sentir, eu estaria sentindo hoje exatamente o que elas sentiriam quando eu deixei elas de lado em 2011. Até hoje tenho ótimas lembranças das Barbies e me dói o coração pensar que eu me desfiz de tudo. Eu gostaria muito de voltar no tempo e doar tudo, exceto as bonecas. Mas na minha última história de amor, no meu último coração partido, eu não mudaria nada - pelo menos não da minha parte. Eu sei que eu dei tudo de mim, me fiz conhecer por completa, amadureci e aprendi com meus erros, mas a escolha de partir foi sua, assim como a escolha de passar minha bonecas para frente foi minha. Desejo que tanto você quanto elas estejam bem sem mim.

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